Vida/Tempo

Eu acho que a vida anda passando a mão em mim
Eu acho que a vida anda passando a mão em mim
Eu acho que a vida anda passando
Acho que a vida anda passando
Acho que a vida anda
A vida anda em mim
A vida anda
Acho que há vida em mim
Há vida em mim
Anda passando
Acho que a vida anda passando
A vida anda passando
A vida anda passando a mão em mim
E por falar em sexo, quem anda me comendo é o tempo
Se bem q já faz tempo, mas eu escondia pq ele me pegava à força
e por trás
Até q um dia eu resolvi encará-lo de frente
e disse “tempo, se vc tem que comer, que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos!”
Eu acho que eu ganhei o tempo.
De lá pra cá ele tem sido bom comigo...
Dizem que ando até remoçando.
Texto: Viviane Mosé
Foto: Sugestão/Presente de uma amiga que tem se tornado presença cada vez mais importante na minha vida. [Free Hugs]

"Preta, preta, pretinha..."

Nó na garganta. Uma dor inexplicável no peito. Lágrimas nos olhos só de lembrar. Mãos trêmulas. Pernas fracas. Nada me chama a atenção. Nada consegue me divertir da mesma maneira que antes. Vontade de ficar só. Vontade de embarcar junto. Vontade de não deixá-la embarcar. Vontade de fazer um escândalo pra que ela entenda que o melhor que ela tem a fazer, pelo menos pra mim, é ficar aqui. Vontade de ficar trancada no quarto olhando fotos, relembrando momentos e, conseqüentemente, se jogando num poço sem fundo.
Dor. Muita dor.
Acordar todo o resto dos dias da minha vida sabendo que eu não vou receber um telefonema dela, não vou ouvir dela os piores palavrões e os arrotos homéricos, passa a ser uma tortura pra mim. Dá vontade de nunca mais acordar... É. Talvez seja essa a solução mesmo. Nunca mais acordar. Ou se isso for sonho, que acorde logo!
Pela primeira vez nos últimos anos vejo como é a minha vida sem a Marina. Adianto que não estou gostando nada do que vejo. Cadê a cor? Cadê a diversão? Cadê o encantamento? Cadê a graça? Cadê a alegria? Cadê a inteligência? Cadê a beleza? Cadê a vida? Sei que ela volta e que, com o passar do tempo, esse sentimento fica mais suportável. Entretanto, é exatamente assim que vejo a vida agora: preta e branca, chata, careta, sem graça, triste, burra, feia e, principalmente, morta.
Uma amiga-irmã?! Não. Ela consegue ser muito mais que isso. Há três semanas tínhamos planos juntas. Hoje, é ela lá e eu aqui. Aqueles olhos apertadinhos eu já não verei diariamente. A única pessoa que conheci que conseguia combinar verde com laranja, já não está mais tão perto de mim. Fazer o que, né... O tempo vai passando e as vidas das pessoas vão tomando rumos diferentes. O problema é que as nossas estavam tão entrelaçadas que eu achei que isso não aconteceria conosco.
Nada mais a fazer, só me resta desejar muita sorte nesse novo caminho que ela começa a trilhar nas “terras de além mar”. Só desejo sorte porque eu tenho ciência do quão enriquecedora será essa estada em Portugal. A minha vontade mesmo era que ficasses. Desejo sorte e faço um pedido: volta logo, Marina! Não deixa a minha vida mais sóbria do que ela já está.

“Assim vou lhe chamar,
assim você vai ser
Preta, preta, pretinha...”